quinta-feira, 16 de outubro de 2008
"Como assim puta paga?"
Inaugurei esta página falando sobre a assim chamada blogosfera, e obtive uma certa repercussão com meus comentários. Tanto que me animei a voltar ao assunto, falando especificamente sobre a questão da propaganda em blogs.
A polêmica das postagens pagas existe desde que as agências de publicidade descobriram o potencial dos blogs na divulgação de marcas. Os autores de muitos dos mais importantes blogs brasileiros não vêem problema nenhum em ganhar alguns trocados para ceder seu tempo e espaço para uma empresa, mas há quem repudie essa prática.
Neste último grupo está o BlueBus, página informativa que poderia ser definida como o Coritiba da internet tupiniquim (não é importante há um bom tempo, se é que algum dia já foi), e que chamou algumas páginas de "blogs de aluguel" depois que estas participaram da campanha de uma nova bebida da Coca-Cola. Claro, isso aconteceu já há alguns meses, mas é um caso tão emblemático e que gerou tanta repercussão que serve perfeitamente como exemplo.
A parte irônica disso tudo é que, até porque muita gente partiu em defesa dos blogs envolvidos, há anos o BlueBus não era tão comentado quanto foi durante esse episódio. É como aquelas subcelebridades que chamam a imprensa para cobrir extração de unha encravada: esquecido pelo público, fazendo qualquer coisa por alguns instantes de atenção. O que não quer dizer que, embora os idiotas que o escrevem provavelmente não tenham pensado nisso, o BlueBus não tenha lá sua razão.
Já comentei aqui que gosto de ler blogs. Mas, nos últimos meses, muitas das minhas páginas favoritas têm se dedicado simplesmente a postagens pagas e concursos patrocinados. Os textos próprios até aparecem, mas estão esmagados entre a publicidade. É como a Veja São Paulo: as páginas editoriais podem até valer a pena, mas há tanta propaganda que você não deixa de se sentir enganado.
Todos nós temos que comer, pagar as contas e tomar umas no bar, mas as pessoas acessam sua página para ler seus escritos – não para participar de um concurso de caldo de galinha ou descobrir que “recebi uma caixa branca com um kit personalizado da marca Tal”. E são sempre os mesmos patrocinadores em todos os principais blogs, o que me leva a crer que esses contratos são negociados em grupo...
PS: já ia esquecendo: houve quem me dissesse que ver o BlueBus falando em páginas de aluguel foi como ver Paulo Maluf fazendo acusações de corrupção. Poucas comparações poderiam ser mais adequadas.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Paris Hilton must die!
Comprovei isso alguns dias atrás. Chegando em casa já de manhã depois de passar a madrugada discutindo o regime político dos Smurfs num bar da Consolação, comecei a rodar pelos canais e topei com uma reprise de The Simple Life na Fox.
O programa, vocês já devem saber, é asquerosamente ruim. O episódio que vi mostrava Paris Hilton, símbolo máximo das celebridades que são famosas ainda que ninguém saiba por quê, e alguém que se apresenta como filha de Lionel Ritchie (apesar de se parecer tanto com ele quanto eu me pareço com Charlie Watts), num acampamento de verão. Muitas coisas na cultura americana provam que aquela é uma parte do mundo propensa a gerar idiotas, e os acampamentos são uma delas. Mas falarei disso numa outra ocasião.
O fato é que Paris Hilton nunca fez absolutamente nada que justifique sequer que as pessoas saibam seu nome, e mesmo assim é adorada em todo o mundo. Pasquins de todo o mundo estampam fotos suas semanalmente, e ela até gravou um disco – prova de que para entrar na indústria fonográfica só não é preciso saber cantar.
Por uma coincidência que não tem qualquer ligação conhecida com o fato anterior, topei com o já lendário filme pornô caseiro estrelado pela moçoila. Então é por isso que ela é famosa, pensei. Nada que valha todo o barulho, devo dizer. Talvez o fato da moça estar sempre com cara de bunda, até durante o sexo. Se sou eu que estou na cama com uma mulher que faz aquela cara de "o que será que está passando na TV?" durante o ato, eu jogava a desgraçada escada abaixo na mesma hora.
E mesmo assim ela é cultuada Internet afora, com milhares de desocupados acompanhando tudo que ela não faz. Patético.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
You shook me all night long
Eu pagaria para vê-la dançando a noite toda.
Não me sinto à vontade em lugares onde não conheço ninguém, e antes dela chegar minha noite parecia destinada a ser uma completa perda de tempo...mas tudo mudou a partir do momento em que ela passou por aquela porta.
Todos os meus problemas pareciam se desfazer feito antiácido na água quente enquanto ela se mexia ao ritmo da música. Ou enquanto a música atendia aos desígnios dos seus movimentos, eu estava tão hipnotizado por ela que já não conseguia distinguir.
Com o inevitável amanhecer, a música cessou, a pista ficou vazia, ela e eu voltamos para nossas casas. Voltaram também todos os meus problemas, mas eu me sentia pronto para enfrentá-los, como se caminhasse sobre nuvens.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Burrocracia internética
Tentando aumentar a audiência desta página, pedi sugestões a alguns amigos. Alguns sugeriram colocar o endereço do blog na minha assinatura de e-mail, outros deram idéias old school como fazer camisetas com o endereço desta página...mas mais de uma pessoa disse "se cadastra num indexador ".
Achei estranho que em pleno 2008 um indexador exija que o usuário cadastre o próprio site, mas resolvi saber mais sobre o assunto. Perguntei a mais alguns amigos por qual indexador deveria começar, e a maioria deles me falou de uma página brasileira chamada BlogBlogs.
Mesmo achando o nome de uma estupidez ímpar, decidi ver como a página funcionava. Acessei a página de cadastro, topei com um formulário pedindo nome, e-mail, endereço dos meus blogs, link do RSS, descrição do conteúdo...e depois de tudo te mandam inserir determinado código HTML no seu blog para "poderem indexá-lo".
Porra, que marcação de território é essa?! O que vem depois, vão exigir que eu faça propaganda deles ou que escreva sobre o que eles mandarem escrever?!
Essa situação toda me fez lembrar de outros exemplos da burocracia estúpida que atrasa nossas vidas. De todos os formulários, documentos e autorizações inúteis que somos forçados a preencher. Do tempo perdido em filas. Das centrais de atendimento que nos deixam esperando por horas, e dos atendentes que "acidentalmente" derrubam a linha depois de toda a espera. Da central de cartão de crédito que exige o aval da bandeira para liberar uma compra, e de como este aval não pode ser dado até que eu receba o aval da central do cartão.
Claro que eu não coloquei o tal código no meu blog. Abandonei o cadastro pela metade, e pelo que me disseram o Vã Filosofia nem aparece nas listagens daquela central nazista. Melhor assim. Fucei um pouco mais e descobri outro indexador bem melhor: o Technorati, que além de tudo não exige cadastro.
domingo, 10 de agosto de 2008
Sobre o doping
Os casos de doping começaram cedo nestas Olimpíadas. Antes mesmo do começo dos Jogos, mais de uma dúzia de atletas já havia sido flagrada usando substâncias proibidas. A maioria deles competia no atletismo, mas um deles era esgrimista. Esgrimista! Que tipo de idiota se dopa pra lutar esgrima?!
Que o doping faz parte do esporte, todo mundo sabe, ainda que o assunto seja tabu para as federações e comitês olímpicos. Há até quem diga que o doping ajuda a melhorar o esporte, citando exemplos de recordes batidos por atletas dopados que seguem insuperados até hoje. Em recente entrevista a um programa de rádio, o ex-jogador e hoje técnico Mário Sérgio comentou a possibilidade de um time inteiro entrar dopado; afinal, apenas um ou dois jogadores de cada time passam pelo exame antidoping. Nada no regulamento de qualquer competição coletiva prevê a anulação do título caso se descubra que o time inteiro estava dopado – uma brecha que os técnicos, como fazem os bons advogados, poderiam explorar.
Além disso, se o COI quer ter um maior controle sobre o doping, deveria começar mudando a forma como o exame de detecção é feito. Além da evidente limitação de só testar alguns atletas, não podemos esquecer que a indústria farmacêutica gasta milhões a cada ano para criar substâncias não-detectáveis no antidoping. Enquanto isso, o exame continua baseado na mesma coleta de urina de um século atrás – um método que deixa passar drogas criadas especificamente para burlá-lo, mas que suspende atletas por usarem xampu anticalvície ou creme para celulite.
domingo, 27 de julho de 2008
Ex-times grandes
Qualquer um que já tenha assistido a cinco minutos de um programa de debates esportivos sabe que neste contexto são ditas algumas das maiores bobagens imagináveis por um ser humano.
Um bom exemplo é "no Brasil, há pelo menos 12 times que começam o campeonato em condição de vencer". Lorota sem tamanho. Fazia algum sentido no tempo dos regulamentos absurdos, talvez, mas nestes dias de pontos corridos são no máximo cinco e olhe lá. Muitos times que eram chamados de grandes há alguns anos deixaram de sê-lo dentro de campo. Preparei uma lista deles, que posto abaixo.
* Atlético Mineiro – é o maior exemplo de ex-time grande. Responda rápido: qual foi o último bom time do Atlético Mineiro? O mais recente que me ocorre é aquele que perdeu o Brasileiro de 1999 para o Corinthians; ou seja, lá se vão dez anos. Mesmo antes disso, o Atlético Mineiro se destacava por sempre chegar às fases finais dos campeonatos mas nunca ficar com o título. A única vez em que o Galo ficou com a taça foi em 1971, exatos 37 anos atrás. E um time que sempre briga para não cair e cuja única grande conquista aconteceu há quase 40 anos não pode ser chamado de grande.
* Botafogo – o Tiago costuma dizer que o Botafogo é "um Santos que deu errado". Não é à toa: os dois tiveram esquadrões nos anos 60, passaram boa parte dos anos seguintes sem ganhar nada...mas o Santos teve várias conquistas recentes, chegando inclusive a uma final de Libertadores. Já o Botafogo teve um única conquista relevante pós-anos 60: o Campeonato Brasileiro de 1995, que não teria ganho sem a ajuda fundamental do ilustríssimo Márcio Rezende de Freitas. A prova definitiva de que o Botafogo deixou de ser grande, porém, é que após uma visita à Segunda Divisão em 2003 o clube notabilizou-se por comemorar quando termina o Brasileiro na metade de cima da tabela.
* Flamengo – virou a versão carioca daqueles times pequenos que só ameaçam em casa, quebrando recordes de público a cada ano e perdendo jogos idiotas quando vem bem. Nem as óbvias manobras da CBF para ajudá-lo conseguiram fazê-lo chegar às primeiras posições.
* Vasco – depois do esquadrão de 2000, só montou times sofríveis, sempre à base de garotos e veteranos que já deveriam ter se aposentado. Passou pela infinita odisséia da aposentadoria de Romário para contratar Edmundo e Leandro Amaral, dupla da qual pelo menos um está sempre contundido ou voltando de contusão. Felizmente se livrou do câncer Eurico Miranda, o que lhe dá chances de se reerguer.
* Corinthians – não é só porque foi rebaixado ano passado. Analisando o retrospecto dos últimos anos, percebemos que o time preferido da penitenciária só ficou numa posição decente em 2005 – ano em que a roubalheira correu solta nos campos nacionais, e adivinhem quem foi o maior beneficiado? Quando não teve ajuda do STJD, não chegou nem perto do título.
* Santos – este é um candidato a ex-grande. Fez ótimas campanhas nos últimos anos, claro, mas cabe notar uma coisa: no único ano de campeonato por pontos corridos em que não teve Robinho e/ou Vanderlei Luxemburgo, terminou num constrangedor décimo lugar. Nenhum dos dois está na Vila Belmiro este ano, e a situação é desesperadora. Deixo a pergunta: será que o Santos voltou a ser grande pra valer, ou teve apenas uma série de bons times que já se encerrou?
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Mantenham os loucos fora do hospício
Parece incrível, mas as pessoas ficam surpresas quando digo que não sou cadastrado nesse amontoado de inutilidades. Por que eu quero passar tão longe do orkut quanto possível? Vejamos o que acontece por lá: as pessoas reencontram colegas de infância que gostariam de nunca reencontrar, criam fóruns que são basicamente cabides para as mesmas piadas nível Zorra Total, compartilham com o mundo fotos que não interessam a ninguém e, prova definitiva de que o mundo está perdido, criam perfis falsos.
Os perfis falsos, aliás, são um capítulo à parte. Pessoas que criam páginas no orkut para animais de estimação ou se passando por personagens de desenho animado deveriam estar trancadas em celas acolchoadas de hospícios fedendo a mofo. Falando nisso mas fugindo um pouco do assunto, dia desses vários blogs publicaram uma foto de dois caras e uma loira com a legenda "O Orkut está noivo." Nada mal, pensei; a loira até que era bonita...
Aí vem minha noiva, lê o resto da notícia e me diz que o tal Orkut está noivo é do cara. Está explicado, pensei enquanto fechava a aba do navegador...
PS: apesar desta postagem, sei que não vai adiantar nada pedir para não me convidarem para o orkut. Não se passa uma semana sem que alguma alma bem-intencionada me envie um convite. (Acabei de receber mais um. O que eu disse?)
terça-feira, 22 de julho de 2008
Apresentação
Meu nome é Roberto Sortudo, jornalista formado por uma faculdade que bem poderia me devolver o dinheiro desperdiçado nas mensalidades. Depois de longas discussões em mesas de bar e via MSN, meu velho amigo Tiago Andrade me convenceu a começar um blog para expor minha cáustica visão do decadente mundo em que vivemos. Por diversas razões relutei, até que afinal resolvi criar esta página.
Bem, acho que era só isso. Aguardem pelas próximas atualizações.